"A chamada "zueira" na internet deveria se referir a brincadeiras, zombaria e o que na Bahia chamamos de "gastação", no entanto muitas vezes a zueira só tem graça pra um determinado lado ou grupo, que muitas vezes não tem discernimento suficiente pra entender a linha que separa a brincadeira sadia da brincadeira doentia. Se valendo do bordão "the zueira never ends", invadem espaço e intimidade das pessoas, muitas vezes com atitudes racistas, machistas, xenofobicas, homofobicas (entre outras), atitudes essas que não podem ser consideradas brincadeiras (ou só "zueira da internet"). O mundo virtual oferece mais espaço para expressão, inclusive para as que emitem ódio e desrespeito mascaradas pela suposta brincadeira e protegida pela segurança do anonimato virtual. A zueira, para mim, é saudável quando os lados envolvidos estão de acordo com ela, e se o lado que "sofre"/é o alvo demonstra incômodo, ele deve ser respeitado e não tachado de "o chato que não aguenta uma brincadeira", a graça termina a partir do momento em que o direito de querer ou não fazer parte é invadido."
Leonela Borges, 19 anos
"Com exceção de casos que comprometam a integridade física e/ou moral de um indivíduo ou um grupo de indivíduos, a zueira não tem limites."
Bruno Damacena, 19 anos
"É uma parada complexa esse ter ou não ter limite, mas se é pra se posicionar penso que é melhor ter limite. Porque tem coisas como o holocausto que talvez não tenha graça zoar, ou talvez não tenha graça pq nem tem o que zoar, então nem seria ter limite. Penso que o limite é o bom senso mesmo, o Charlie Hebdo por exemplo, não que eles não devessem fazer piada sobre Maomé e o Islã, mas chega um momento que incomoda as pessoas que fazem parte daquele contexto que seria melhor parar. Enfim, é uma parada difícil de impor limites, penso que esse seria mesmo o bom senso de quem faz a zoeira, se cabe ou não naquele momento."
Felipe Nunes, 26 anos
"Há uma fronteira bastante tênue entre a "zueira" e o desrespeito e creio ainda que se trata de uma fronteira variável de acordo com quem seja alvo das brincadeiras. Sou, via de regra, a favor das liberdades individuais e do respeito ao indivíduo, então creio que há limite, mas este limite é baseado, primeiro, em linhas gerais de respeito aos outros, que se torna algo com uma certa repetição de padrão e em segunda instância em um limite baseado em quem está sendo o foco das brincadeiras. As reações variam bastante de pessoa a pessoa e certas memórias, experiências podem fazer com que determinadas situações consideradas triviais causem muito dano. É necessário também não cair no exagero de considerar tudo ofensivo. A definição dos limites não é clara, mas o bom senso, creio eu, contorna a maior parte das situações."
Eduardo Mafra, 26 anos
"Existem vários tipos de zoeira, e vários níveis também, por assim dizer. A verdade é que ela (a zoeira) “never ends”, porém não dá mais para acreditar que ela não tem limites. Que o brasileiro (Hu3 brbr) é um dos mais zoeiros do mundo virtual, já é comprovado cientificamente, rs. Porém, o que existe é muito criminoso camuflando crimes como xenofobia, homofobia, assédios de vários tipos, racismo e uma série de outras ofensas com zoeira. Ainda mais quando se trata de ambientes virtuais, onde a impunidade se mostra sensivelmente mais real, devido a todas as camadas de “proteção” que os indivíduos têm. Tanto compartilhamento, tanto “print”, tanta repostagem, que acabamos não sabendo quem é o “autor” original dessa ou daquela “ironia”. Parece clichê, mas a linha entre a graça e a ofensa é tênue e é preciso ter cuidado e responsabilidade, mas as pessoas não estão muito preocupadas com isso atualmente. HEHEPartindo para o meu depoimento pessoal, eu não me lembro de ter sido zoada ou trolada publicamente. Claro, em níveis leves, sempre acontecem aquelas troladas de família: mãe, irmãos, tias.. Mas nada muito sério. Costumo mesmo é praticar a “auto-zoeira”, postando aquelas fotinhos que ninguém postaria (descabelada, suada, vida real, rs), contando de quedas na rua, ironizando minhas burrices, lerdezas.. e isso acaba gerando a zuação de terceiros por consequência, mas nada de prejudicial. Eu gosto dessas brincadeiras e sou uma “zueira” sim, posso admitir. Mas, sempre busco observar o teor dos comentários, o nível de intimidade que tenho com as pessoas e sobretudo como me sentiria se fosse comigo. Nem sempre dá para acertar, mas aquela máxima de “perco o amigo, mas não perco a piada” tem sido cada dia mais fácil de colocar em prática se a gente quiser."
Anne Elisabeth, 26 anos, Produtora Cultural e viciada em mídias sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário